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Mãe, culpada!

Quando descobri que estava gravida, inicialmente, foi um choque, porém eu tive 9 meses para me acostumar com a ideia e também de pesquisar e aprender muito. Com o nascimento da minha filha eu descobri o amor verdadeiro, um sentimento que não tem palavras para descrever, parece clichê, mas é um amor indescritível sim. Eu sabia que estava disposta a tudo para o bem estar daquele bebê miudinho, que fez o meu coração transbordar de amor. Lógico que a insegurança veio junto, mas também veio uma força que nunca pensei ser capaz.

Depois de 6 meses de aprendizado, decepções e muitas alegrias eu queria mais, queria muito ter outro filho(a) e também o meu sonho de adotar uma criança estava cada dia mais forte. Meu marido me trouxe a realidade, de que ainda não era a hora, pois a nossa bebê tinha apenas 6 meses e tínhamos/temos uma grande jornada pela frente.

Hoje com 2a7meses depois da descoberta deste amor infinito "EU JOGO A TOALHA", pois percebi que não tenho capacidade nenhuma de educar/cuidar de uma criança, que eu fui uma sonhadora em pensar em ter mais um bebê e ainda de grande ousadia em pensar em adotar. Não tenho capacidade nenhuma para cuidar da filha que gerei, pelo menos é isso que a sociedade joga na minha cara todo o tempo. E isso não começou agora, foi deste o nascimento da minha filha, só que eu estava tão encantada que não percebia, agora consigo vê com mais clareza e perceber como sou questionada a todo o momento sobre as decisões tomadas na sua criação, se coloco uma roupa mais quente, vem o questionamento "que está muito quente, essa menina está com calor", se coloco uma roupa mais fresca, 'você não percebe que ela está sentindo frio?" (isso tudo no mesmo dia). Se jogo uma manta sobre o seu corpo, "essa manta é fria demais, não esquenta nada". Caso não coloque, "olha o ventinho isso vai dar otite nessa criança".

Eu queria dar leite materno exclusivo a minha filha, e que a introdução alimentar não tivesse açúcar ou sal. Mas é logico que com não tenho capacidade de educar/cuidar de uma criança a minha decisão não foi só questionada como foi totalmente ignorada. Aos 2 meses foi oferecido, pasmem, sorvete e rapadura para a minha filha. O quê faz uma pessoa pensar que sorvete e rapadura tem algum nutriente que seja bom para um bebê de 2 meses? Lógico que como eu não sei nada, sou mãe de primeira viagem, estou totalmente equivocada e sorvete e rapadura é adequado, não é mesmo?

Com 6 meses de vida fizemos uma viagem e fomos para a terra natal do meu marido, junto com outros parentes. Me perguntaram se podia dar um biscoito de polvilho (destes industriais) para a minha filha, e eu falei que não, pois queria adiar o máximo possível a introdução de sal na alimentação dela. É obvio que como não sei nada (e não sei nem porque me perguntaram), foi eu virar as costas e o biscoito foi dado a minha filha. Quem sou eu para questionar as mulheres que tem filhos mais velhos que a minha filha, ou seja, tem mais experiência em como criar uma criança, e para mostrar ainda mais a minha falta de capacidade, elas não tem somente 1 filho, tem mais, então conhecem/sabem educar como ninguém, e elas deram biscoito salgado para os filhos e eles sobreviveram, né? Por quê essa frescura da minha parte?

Eu pensei que estava calejada com essas intromissões e que isso não me afetava mais, pois eu sou a mãe e sei mais do quê ninguém o que é melhor para a minha filha. Ledo engano, eu estava errada, os questionamentos doem muito, e a cada vez que eles acontecem as minhas forças diminuem e hoje chegaram ao fim. Isso não quer dizer que deixarei de educar a minha filha, mas não quero mais filhos e o sonho de adotar foi por água abaixo. Pois realmente não tenho mais forças, talvez amanhã eu descubra uma força em alguma parte do meu ser, que me faça levantar de novo, e enfrentar a todos com relação a educação da minha filha, mas hoje nem isso consigo fazer.

Esse final de semana a minha filha foi muito mal educada, ignorando pessoas de alto estima para nós, que conversavam com ela, ela simplesmente deu as costas e fingiu que eles não estavam lá, e o pior que isso foi na casa deles, e ela pediu para ir lá, antes, porém, tinha feito uma birra daquelas, por eu não ter deixado ela mexer no notebook deles. Como educadora/cuidadora e mãe fui corrigi-la, pois isso é inadmissível, porém para a minha surpresa, eu fui condenada, pois estava fazendo uma tempestade no como d'água. O quê tinha demais deixa-la mexer no notebook? Ela os ignorou pois não queria pedir bença, como eu iria exigir algo dela, se daqui alguns anos ela deixaria de pedir mesmo?

Eu sou católica, e levei a minha filha para receber o sacramento do batismo, ensino-a os princípios cristãos que são a minha formação, e é lógico que sei que com a maturidade ela terá livre arbítrio para seguir ou não a mesma religião que a minha ou até não seguir religião nenhuma. O quê não concordo é não ensina-la as coisas porque amanhã ela deixará de fazer mesmo, então realmente eu não sei nada...realmente não tenho capacidade nenhuma para ensinar a minha filha nada....quando ela apresenta um comportamento que a sociedade acredita ser o adequado, é a família/sociedade que a ensinou/educou/criou do jeito certo, contudo se ela faz algo que não é aceito pela sociedade, a mãe não soube educar, cadê a mãe dessa menina?

Todos os dias é me tirado o direito de educa-la de acordo com os meus valores e princípios, porém se ela fizer algo considerado errado a culpa é minha, lógico, pois não sei educar, não sei por limites, a mimo demais, a deixo fazer o quê bem entende, dou tudo que ela pede...e vários outros julgamentos. Mas eu pergunto, ela ganha presente somente da mãe? Somente a mãe faz as vontades dela? O limite é somente a mãe que tem que por? Será que é a mãe que a mima mesmo? Será que é mesmo a mãe que deixa ela fazer o quê bem entende?

Não sei porque me martirizo tanto se serei a errada e a culpada sempre. Fazendo ou não, falando ou não, ignorando ou não, jogando a toalha ou não, eu que serei a incapaz de educar/criar/ensinar a minha filha algo correto, o errado com certeza tem meu dedo sim. Viverei na pressão de que as minhas atitudes irão afeta-la no futuro, e que tenho que me policiar o tempo todo para amenizar o máximo isso. Hoje eu não tenho forças, mas vou ter que encontra-las em algum lugar, pois ainda temos uma longa jornada e muitas responsabilidades para serem jogadas em minhas costas ainda...

Me apresentando

Meu nome é Glaucia

 

Sou formada em administração e mãe de primeira viagem, com o mundo da maternidade me mostrando novos horizontes

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